No entanto, uma equipe congregando especialistas de várias universidades dos Estados Unidos afirma agora que essa relação não é exatamente o que parece.
Na verdade, um precursor do colesterol tem um papel oposto, suprimindo genes da resposta inflamatória.
A boa notícia é que essa molécula precursora pode fornecer um novo alvo para medicamentos destinados a tratar a arteriosclerose - ou aterosclerose.
Macrófagos espumosos
Células do sistema imunológico chamadas macrófagos (do grego "grandes comedores"), cuja função essencial é consumir outras células ou matéria identificada como estranha ou perigosa, patrulham constantemente nossas paredes arteriais.
"Quando elas fazem isso, isto significa que elas consomem o depósito de colesterol de outras células," explica Christopher Glass, da Universidade da Califórnia. "Como resultado, elas desenvolveram formas eficazes de metabolizar o excesso de colesterol e livrar-se dele."
Pele e sistema imunológico têm papel essencial na pressão sanguínea
Mas alguns macrófagos não descartam adequadamente o excesso de colesterol, permitindo que ele se acumule dentro delas mesmas como gotas de lipídios espumosos, o que dá as essas células seu nome muito peculiar: células espumosas ou macrófagos espumosos.
Esses macrófagos espumosos produzem moléculas que ativam outras células do sistema imunológico, sinalizando para determinados genes que iniciem uma resposta inflamatória.
Invertendo a teoria
O Dr. Glass afirma que os cientistas têm assumido que as lesões ateroscleróticas - aglomerados de macrófagos espumosos repletos de gordura concentrados dentro das paredes arteriais - são uma consequência prejudicial de uma associação crescente entre a acumulação de colesterol e a inflamação.
Mas eles e seus colegas fizeram duas descobertas inesperadas que desestruturam essas suposições sobre como as lesões ateroscleróticas se formam e como a aterosclerose pode ser mais eficazmente tratada.
"A primeira é que a formação de macrófagos espumosos suprime a ativação de genes que promovem a inflamação. Isso é exatamente o oposto do que achávamos que acontecia," disse Glass.
"Em segundo lugar, identificamos uma molécula que ajuda os macrófagos normais a gerir o equilíbrio do colesterol. Quando o colesterol é abundante, ela liga uma via celular para se livrar do colesterol e desliga as rotas que produziriam mais colesterol."
Desmosterol
A molécula é o desmosterol - o precursor final na produção de colesterol, que as células fabricam e usam como um componente estrutural das suas membranas.
O pesquisador explica que, nas lesões ateroscleróticas, a função normal do desmosterol parece estar "avariada".
"Esta é a próxima coisa a estudar, por que isso acontece," disse Glass, levantando a hipótese de que a causa pode estar ligada a sinais pró-inflamatórios muito fortes vindos de proteínas chamadas receptoras do tipo Toll, localizadas em macrófagos e outras células que, como os macrófagos, são elementos críticos do sistema imunológico.
A identificação da capacidade do desmosterol para reduzir o colesterol dos macrófagos dá aos cientistas um novo alvo potencial para a redução do risco de aterosclerose.
Contra os efeitos colaterais
Já existe uma molécula sintética similar ao desmosterol, embora de triste história.
Na década de 1950, os cientistas desenvolveram uma droga chamada triparanol, que inibia a produção de colesterol, aumentando os níveis de eficácia do desmosterol.
A droga foi vendida como um medicamento para doenças do coração, mas foi logo banida do mercado por causar efeitos colaterais graves, incluindo a cegueira gerada por uma forma incomum de catarata.
"Nós aprendemos muito nesses 50 anos," propõe Glass. "Talvez haja um caminho agora para criar uma nova droga que imite a inibição do colesterol, sem os efeitos colaterais."
Redação do Diário da Saúde
0 comentários
Posts a comment